Há um abismo entre nós. Quanto mais próximos, mais a distância grita. O amor...até que ponto isso é? Ela ruminara tais pensamentos a manhã inteira e adentrou as horas seguintes nesse ciclo mental. Interagia, mas, assim que se calava, voltava a se consumir nessa possibilidade estúpida de voltar para ele. Humilhar-se, chorar, descabelar-se, o que fosse preciso, mas havia o abismo... Começara a escrever para tentar expulsar essas ideias de sua cabeça, mas, quanto mais escrevia, menos sentido fazia e mais dolorido ficava. Com o dia terminando, a rua pareceu-lhe convidativa. Colocou um tênis e correu. A estrada é fácil, branda, você só precisa caminhar, mover-se e ela o acolhe como um velho conhecido. Vagou por muito tempo dentro de si, mas, quem a visse correndo, conseguia sentir a sua determinação de chegar para onde quer que ela estivesse indo. Essa certeza exalava dela e provinha de sua vontade de se esquecer, de exorcizar a sua mente. Parou ofegante apoiando-se nos joelhos com as mãos. Mais calma, percorreu o caminho da volta a passos largos; era inútil fugir assim. Chegou em casa, tomou banho e caiu na cama. Quando abriu os olhos pela manhã, já sabia o que deveria fazer. Aprendera a não fugir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário