Tenso. Intenso. Extenso.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Balada de Gisberta

Apagaram-se as luzes, é o futuro que parte. É o futuro que parte, fulana, quando nos encontramos perdidas nas resoluções diárias da vida. É o futuro que parte quando o coração aperta ao vislumbrar o presente não pré-meditado. É o futuro que parte quando as certezas são substituídas por dúvidas. Ah, fulana! Se tu soubesses das minhas dúvidas, dos meus medos, das minhas angústias, dirias: deixa disso, cicrana, de onde surgiram tantas indagações? Ou talvez, fulana, entrarias no olho do furacão e te deixarias ser levada pelo vendaval da vida que está sendo redesenhada na minha cabeça. Segura-te, Fulana! Aqui vem uma tempestade sem fim! Aqui vêm nuvens carregadas de questões mal resolvidas, de lágrimas reprimidas, de dores inconsoláveis. Ah, fulana! Por quê? Ora, porquê, tu dirias, a vida é assim, um dia se dança em palácios, noutro nas ruas.
...

E que intensidade de preto se instalou na minha vida, fulana. Cadê o amarelo vivo que pulsava em minha alma e derramava luz em todos os meus sonhos? Pois, é, fulana, a distância até o fundo é tão pequena. Foi o futuro que partiu a cem por hora, deixando apenas as frustrações de não ter conseguido ser o que se queria. Com um olhar vazio, contagiado pela angústia, tu me dizes, fulana: E o amor? Eu te digo: Ah, o amor, o amor é tão longe.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Finito

A gente tentou de tudo. Ele abriu os olhos e deu de cara com a luz que invadia a sua janela. No comeco, foi difícil, acordava muito cedo sempre porque a janela era enorme e iluminava demasiadamente o seu quarto. Pensou em comprar um black-out, mas adiou tanto que desistiu. Mentira, agora não fazia diferenca mesmo. Ela não dormia mais ali, então a luz era um problema dele. Exclusivamente meu! Bufou aos quatro ventos durante dias esse pensamento. Haviam tentado de tudo de fato, mas às vezes não há o que tentar. Havia apenas a resignação e essa ainda estava cravada na garganta deles, não queria ser engolida de forma alguma. Ela queria ser vomitada por ambos e eles queriam tentar de novo algo que já havia findado. Tudo é finito. Finito. F-I-N-I-T-O. Essa palavra simplesmente nao se enquadra a nós, somos eternos, sempre achei que fôssemos eternos. Como pode duas almas, antes felizes, serem agora dois vultos amargurados...Como pode ser que eu tenha ficado assim? Ele levantou da cama e foi lavar o seu rosto. Já é tempo de seguir em frente. Ja é tempo de eu acordar e não pensar nisso. Tomou um banho refrescante, sentiu-se melhor. Resolveu, então, sair de casa. Andou pra qualquer lugar, pensou em ir no lago pra fumar um cigarro e deitar-se na grama. O céu estava um azul infernal. Inferno. É lá que eu tenho morado. Tragou do seu cigarro e ficou olhando o nada. Pensamento já cansado de pensar nisso, mas, não era algo de que se esqueceria com algumas noites mal dormidas e uns tragos de cigarro regados à whisky. Não se esquece nunca de um passado feliz. Não se esquece nunca dos próprios erros, principalmente, se eles acabaram com toda a
felicidade inesquecível. Fechou os olhos, inspirou o ar limpo e divagou na esperança de mudar essa situação insistente. Concentrou-se na sua respiração e acabou caindo no sono.