A gente tentou de tudo. Ele abriu os olhos e deu de cara com a luz que invadia a sua janela. No comeco, foi difícil, acordava muito cedo sempre porque a janela era enorme e iluminava demasiadamente o seu quarto. Pensou em comprar um black-out, mas adiou tanto que desistiu. Mentira, agora não fazia diferenca mesmo. Ela não dormia mais ali, então a luz era um problema dele. Exclusivamente meu! Bufou aos quatro ventos durante dias esse pensamento. Haviam tentado de tudo de fato, mas às vezes não há o que tentar. Havia apenas a resignação e essa ainda estava cravada na garganta deles, não queria ser engolida de forma alguma. Ela queria ser vomitada por ambos e eles queriam tentar de novo algo que já havia findado. Tudo é finito. Finito. F-I-N-I-T-O. Essa palavra simplesmente nao se enquadra a nós, somos eternos, sempre achei que fôssemos eternos. Como pode duas almas, antes felizes, serem agora dois vultos amargurados...Como pode ser que eu tenha ficado assim? Ele levantou da cama e foi lavar o seu rosto. Já é tempo de seguir em frente. Ja é tempo de eu acordar e não pensar nisso. Tomou um banho refrescante, sentiu-se melhor. Resolveu, então, sair de casa. Andou pra qualquer lugar, pensou em ir no lago pra fumar um cigarro e deitar-se na grama. O céu estava um azul infernal. Inferno. É lá que eu tenho morado. Tragou do seu cigarro e ficou olhando o nada. Pensamento já cansado de pensar nisso, mas, não era algo de que se esqueceria com algumas noites mal dormidas e uns tragos de cigarro regados à whisky. Não se esquece nunca de um passado feliz. Não se esquece nunca dos próprios erros, principalmente, se eles acabaram com toda a
felicidade inesquecível. Fechou os olhos, inspirou o ar limpo e divagou na esperança de mudar essa situação insistente. Concentrou-se na sua respiração e acabou caindo no sono.
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