Marcela estava
deitada na rede de sua varanda e se balançando com uma perna, enquanto pensava
no quanto tinha vivido desde que se esbarrou com Lucas numa barraquinha de
cachorro quente. Estavam juntos há um pouco mais de um ano, mas, que importa o
tempo, quando se acha com quem dividi-lo? Nunca achou que fosse conseguir se
apaixonar assim. Sempre quis, é bem verdade, mas sua vida amorosa sempre foi um
desastre atrás do outro. Alguns frios na barriga antes da festinha do colégio,
uns olhares mais fortes trocados, o suor frio pelo corpo e pelas mãos, o
coração pulando, já havia sentido tudo isso. Mas, quando viu Lucas, não
percebeu nenhum desses sinais em si. Ficou na expectativa depois dos primeiros
encontros, porém, foi tudo muito natural. Ela não precisava planejar cada parte
do encontro, as coisas rolavam, que nem esse balançar da rede... Olhou para o
céu e se sentiu grata. Se houver alguém ai, obrigada pelo presente, pensou para
si mesma. Lucas irradiava paz em sua vida, um verdadeiro divisor de águas.
Quando se está apaixonado, é normal colocar o outro no pedestal, mas não é
isso. Ele realmente é uma pessoa maravilhosa, pensou, e quando ele me abraça o
mundo não existe. Esse é o clichê mais verdadeiro que há. Continuou se
balançando e se refrescando com a brisa. Caiu no sono e pode dormir tranquila
por uns minutos. Era como se uma parte dele estivesse ali, balançando a rede
para ela. Chegou a sonhar com algo alegre que não soube explicar, mas sonhou.
Abriu os olhos e encarou novamente o céu mais escuro, agora. Continuou deitada e se esquentando com os
pensamentos de antes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário