Tenso. Intenso. Extenso.

domingo, 3 de julho de 2011

O começo de um fim

Bem vindos ao baile dos incansáveis! Quem entra aqui está condenado a um único destino: dançar até os pés racharem. E no meio da pista há todo tipo de gente. Tem mulher de coração partido, homem perdido, mulher solteira e raparigueira. Tcha!Tcha!Tcha! Olha a Saaaalllsa! Ai! Ai! Ai! No swing frenético do salão, as pessoas dançam de todo jeito: em casais, sozinhos, em grupos, com garrafas, não importa! O importante nesse baile é dançar e se deixar envolver. Sintam as batidas da Cumbia, elas entram no corpo por todos os lados. Ou será que elas saem dos dançarinos, pulsam em suas veias e se propagam no ar, contagiando quem estiver por
perto?

De repente, nesse cenário todo, acontece.

Um bailarino dança fervendo e capta o olhar de uma mulher que se diverte remexendo-se ao som das batidas. Ele se aproxima e puxa a sua mão num convite. Ela aceita e os dois bailam quase deslizando pelo salão e chamam a atenção de todos, apesar de só terem olhos para si mesmos e ouvidos para a música. Já estão no centro do salão quando ele a gira e a joga para cima, arrancando suspiros das mocinhas, gritos das gaiatos e inveja dos marmanjos. A cada giro que o casal dava todos começavam a perceber que o destino deles foi escrito diferentemente dos demais. Eles, mais do que todos, estavam fadados a dançar, mas, também, estavam destinados a reinar no baile. A cada giro, os seus corpos se atraiam mais e mais e as pernas deles só obedeciam à música, enquanto seus corações batiam no tempo da percussão.

Era quase um romance, mas não era.

A carne falava em paixão e o espírito em entregar-se. Entregavam-se à dança na esperança de prolongarem essa conexão estabelecida. Mas, o que eles não sabiam é que esse elo não poderia ser desfeito desligando os instrumentos. Na verdade, o que ninguém conseguia enxergar nesse momento é que eles tinham as suas almas entrelaçadas e que essa dança era o prenúncio de dias ensolarados e festivos. É questão de tempo para eles perceberem.

Todavia, atrás de toda calmaria, vem uma tempestade. No caso deles, vinha um redemoinho.

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