Apagaram-se as luzes, é o futuro que parte. É o futuro que parte, fulana, quando nos encontramos perdidas nas resoluções diárias da vida. É o futuro que parte quando o coração aperta ao vislumbrar o presente não pré-meditado. É o futuro que parte quando as certezas são substituídas por dúvidas. Ah, fulana! Se tu soubesses das minhas dúvidas, dos meus medos, das minhas angústias, dirias: deixa disso, cicrana, de onde surgiram tantas indagações? Ou talvez, fulana, entrarias no olho do furacão e te deixarias ser levada pelo vendaval da vida que está sendo redesenhada na minha cabeça. Segura-te, Fulana! Aqui vem uma tempestade sem fim! Aqui vêm nuvens carregadas de questões mal resolvidas, de lágrimas reprimidas, de dores inconsoláveis. Ah, fulana! Por quê? Ora, porquê, tu dirias, a vida é assim, um dia se dança em palácios, noutro nas ruas.
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E que intensidade de preto se instalou na minha vida, fulana. Cadê o amarelo vivo que pulsava em minha alma e derramava luz em todos os meus sonhos? Pois, é, fulana, a distância até o fundo é tão pequena. Foi o futuro que partiu a cem por hora, deixando apenas as frustrações de não ter conseguido ser o que se queria. Com um olhar vazio, contagiado pela angústia, tu me dizes, fulana: E o amor? Eu te digo: Ah, o amor, o amor é tão longe.